À primeira vista o post não assume relação com o blogue. Mas se lerem ao fim irão perceber porque está relacionado com a comunicação e a gestão das relações sociais.
Demasiadas vezes me questiono sobre o facto de o ser humano gostar de complicar o simples acto de viver. A minha mãe sempre me disse "viver não custa, o que custa é saber viver". Mas afinal o que é saber viver? Significa que andamos a tentar perceber como se vive? Que afinal nós não "vivemos"?
Não ignorando o aperfeiçoamento ou a excelência eu VIVO e procuro a felicidade em cada minuto do meu dia. Isso faz-me sentir bem, sentir VIVA (passo a redundância).
As palavras que se seguem são da autoria do jornalista João Pereira Coutinho e por considerá-las fundamentais na regência das nossas vidas aqui as publico.
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Viver e ser feliz
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