quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Em tempo de crise como comunicam as empresas?


Perante a grave crise económica que está a atingir o mundo inteiro como encaram as empresas o factor comunicação?

Costuma dizer-se que em tempo de crise a publicidade é mais agressiva do que nunca. E quem diz a publicidade diz o marketing e a comunicação a um nível generalizado. De facto, todos os dias tenho de esvaziar a minha caixa de correio que ao cair da noite está atulhada de folhetos promocionais. O marketing directo está em alta em todos os seus canais: telefone, correio, sms, correio electrónico, ipod... As marcas querem chegar furiosamente ao consumidor, mesmo que tenham de ir "pescá-lo" à concorrência.

Estamos a sofrer um "ataque" na forma como as empresas se comunicam. Senão vejam esta história. Recentemente, recebi um telefonema de um agente comercial da ZON que após pedir para, supostamente, confirmar os meus dados pessoais para a base de dados (necessito de referir que não sou cliente da marca) relata os produtos da marca, situação típica de telemarketing. No final do discurso agradeço-lhe o telefonema mas informo que necessito de tempo para ponderar se se justifica, no meu caso, mudar de operador. Para terminar peço que lhe telefone novamente para saber a minha decisão.

Surpresa das surpresas, passados um ou dois dias, tenho o mesmo comercial a bater-me à porta (sem aviso prévio e sem segundo telefonema efectuado) para assinar contrato com a ZON.

Obviamente que demonstrei o meu desagrado pela sua atitude e pedi-lhe que fosse embora pois decidi manter o meu operador.

As empresas possuem de tal modo objectivos comerciais intangíveis que chegam a estes cúmulos, tocam mesmo no ridículo. As vendas dependem da forma como comunicamos, não é novidade.

Não existe comunicação mais directa que o face-to-face e é desta forma que as marcas, as grandes marcas nestas situações, se querem comunicar??? Com que imagem fiquei eu desta empresa?

E se por acaso eu fosse uma pessoa menos informada e bastante crédula? A esta hora estaria a receber duas facturas de empresas distintas mas fornecedoras dos mesmos serviços.

Reflexão. Aumento de reflexão é o que as empresas devem fazer numa altura como esta. As micro porque o orçamento não comporta valores dedicados à comunicação mas também porque não devem ficar na sombra; as PME's, que constituem a esmagadora maioria do tecido empresarial português, porque necessitam de definir as linhas de comunicação e intensificá-las de acordo com os objectivos definidos; e as grandes empresas para que não sigam o exemplo acima referido, para que não se deixem ridicularizar na ganância de "roubar" novos clientes.

Caso contrário, um dia destes é provável que me bata à porta uma cara bonita como a da imagem e não, não para roubar a casa mas para "ganhar" um cliente...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Comunicação interna in(eficaz)

Recentemente, tive a oportunidade de conhecer de perto uma das maiores empresas portuguesas. Com o meu olho de analista no que concerne à comunicação pude constatar que, infelizmente ao que esperaria dada a existência de um complexo departamento de comunicação, existem graves falhas a este nível.

Numa organização de elevada dimensão torna-se mais complicado manter o nivel de comunicação interna no patamar desejado, pois os interlocutores são demasiados. Mas não é impossível. E numa empresa que constantemente efectua investimentos nesta área não se admite que tal situação se verifique.

A meu ver, este é um dos maiores pontos fracos do tecido empresarial português, entre outros como a conjectura económico-política e o atraso tecnológico. A comunicação interna é tão ou mais importante que a comunicação externa. Se a organização não funciona a 100% no seu interior que imagem irá transmitir aos clientes e parceiros de negócio?

Se as mensagens que circulam no seio da empresa não são recebidas por todos os colaboradores da mesma forma ou nem todos a recebem, como poderão trabalhar em equipa efectivamente? Logicamente, há informações que se destinam a determinados cargos, nomeadamente de chefia, e por isso nem todas são do interesse geral. Contudo, anotei também que mesmo entre chefes existem "formas de leitura" distintas. Naturalmente, numa empresa que procura a homogeneidade na execução de tarefas dificilmente a alcançará.

A empresa é um todo, é uma equipa só, não são somente as chefias. Nenhuma empresa funciona só com chefes, directores, gestores, etc. É necessário implementar uma verdadeira comunicação interna (nos dois sentidos empresa-colaborador/colaborador-empresa), envolver todos os colaboradores, mostrar-lhes que todos vestem a camisola mas com posições diferentes.

No geral, os empresários portugueses ainda têm um longo caminho a percorrer no que concerne à visão global da organização. Mas ainda bem que existem as excepções (assim que encontrar darei a saber).